segunda-feira, março 17, 2008

Carona com um clique

Site americano de compartilhamento de táxi chega ao Brasil. A idéia é testar um novo modelo de negócios no País

A ROTINA DO JOVEM CORRETOR DE AÇÕES americano Jeffrey Chernick era extenuante. Todos os dias, ele acordava às cinco horas da manhã e se arrumava rapidamente. Ainda com o céu escuro, saía de casa, andava alguns quarteirões e pegava o trem com destino a Manhattan, o coração de Nova York. Jeffrey só chegava ao trabalho às 7h30. Um belo dia, cansado do trajeto, ele foi de táxi. Levou só oito minutos e gastou US$ 12. A partir daí, Jeffrey não largou mais o yellow cab. A “extravagância”, contudo, começou a pesar no bolso e, para não entrar no vermelho, procurou alguém para rachar a conta. Jeffrey descobriu uma vizinha que ia para o mesmo destino e nunca mais pisou em um trem. Além de resolver o problema de horário, Jeffrey enxergou uma oportunidade de negócios. Afinal, haveria milhares de pessoas na mesma situação. Ele, então, chamou o amigo Evan Meyers, gerente de produtos do site de relacionamento MySpace, e, no fim de 2007, criou o Ride Amigos (www.rideamigos.com), site no qual pessoas com rotas em comum podem se comunicar para dividir a conta da corrida. A moda se espalhou pelos Estados Unidos, virou mania em Londres, ganhou as ruas de Toronto e, aos poucos, está chegando ao Brasil. A empresa, ainda em estado embrionário, já atua em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Por enquanto, o site não é traduzido para a língua portuguesa. A idéia é mantê-lo em inglês, o idioma universal. “Queremos levar o site para o resto do mundo”, disse Jeffrey à DINHEIRO. O sistema é simples: basta se registrar informando nome, e-mail, data de nascimento e número de celular (dado indisponível para os outros participantes). Depois, você pode procurar um percurso postado por outro usuário ou divulgar a sua rota e esperar alguém entrar em contato. Pede-se que todos sejam pontuais e maiores de 18 anos.

REDE DE USUÁRIOS:
atualmente, 1.376 pessoas
estão cadastradas no site
americano. A cidade de
Belo Horizonte já possui
clientes ativos

Atualmente, existem 1.376 pessoas cadastradas ao redor do mundo. “Estamos concentrados em criar uma rede de usuários, ajudar pessoas a economizar dinheiro e preservar o meio ambiente”, diz Jeffrey. Por trás do discurso politicamente correto, se esconde um negócio que pode render muito dinheiro. O site já conta com o patrocínio de uma grande empresa de táxi de Nova York e Jeffrey prepara uma nova tacada. O Ride Amigos pretende vender a ferramenta de busca de rotas para empresas e universidades. Deste modo, elas poderão criar suas próprias comunidades internas. “Já há uma grande universidade interessada na ferramenta”, conta Jeffrey.

A bandeira usada pelo Ride Amigos para conquistar mais adeptos é a da consciência ecológica. Quanto mais divisão de corridas, menor o número de carros nas ruas e, conseqüentemente, menos poluição. O serviço, entretanto, levanta uma grande questão. Como dividir um táxi com uma pessoa desconhecida diante da violência nas grandes capitais? Ricardo Auriemma, presidente Associação das Empresas de Táxi de Frota de São Paulo, tem uma sugestão. “Em vez de unir pessoas com caminhos em comum, a solução seria unir amigos para dividir o mesmo carro”, defende. Jeffrey diz que o ideal é “encontrar os caronas em lugares públicos e avisar a conhecidos para onde estão indo.” Aos interessados em tropicalizar o Ride Amigos, Jeffrey manda o recado: “Estamos procurando parceiros brasileiros”.

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